quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Armando Vara

Uma viagem de Bragança até Aveiro

Nascido a 19 de fevereiro de 1954, no lugar de Lagarelhos, freguesia de Vilar de Ossos, no concelho de Vinhais, Armando António Martins Vara é um político português e administrador bancário. Na altura em que a Revolução dos Cravos desabrochou, Armando Vara, que tinha Mário Soares como seu ídolo, dedicou-se inteiramente à política filiando-se ao Partido Socialista (PS). Aos 30 anos, como deputado do círculo de Bragança, passou a representar o PS na Assembleia da República, chegando, mais tarde, a vice-presidente do grupo parlamentar.
Para além da política, o jornalismo foi uma das áreas que sempre fascinou Armando Vara. Ainda muito jovem, o político fazia parte da equipa de um programa radiofónico da RDP-Nordeste. Sem nunca quebrar os laços com a sua região natal, em 1985, foi um dos fundadores do jornal “A Voz do Nordeste”.
Destacando-se sempre no mundo da política, a nível regional foi ainda secretário coordenador da Federação Distrital de Bragança do PS e deputado municipal na sede do distrito. Já a nível nacional, foi através do seu amigo José Sócrates que conseguiu aproximar-se de António Guterres. Foi então que António Guterres, atual Alto-comissário da ONU para os Refugiados, o integrou nas áreas das Obras Públicas e Transportes, do PS.
Em 1991, Vara exerceu a função de vereador, após ter sido candidato à Câmara Municipal da Amadora, tendo perdido, com três mil votos da diferença, para a CDU.
Entre 1995 e 1997, aquando do governo de Guterres, Armando Vara foi escolhido para exercer funções de secretário de Estado da Administração Interna. Posteriormente exerceu, até 1999, a função de secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna. Como o PS ganhou, pela segunda vez consecutiva, as eleições legislativas, Vara foi nomeado Ministro-adjunto do Primeiro-Ministro. Época que muitos jornais intitularam de “finalmente Ministro”.

No ano 2000 passou a Ministro da Juventude e Desporto. Foi, também, durante este mesmo ano, que surgiram algumas notícias relacionadas com alegadas irregularidades cometidas pela Fundação para a Prevenção da Segurança Rodoviária, que ele próprio tinha fundado enquanto exercia a função de secretário de Estado. Estes acontecimentos fizeram com que Armando Vara apresentasse a sua demissão, mesmo que tais irregularidades nunca tenham sido provadas. A Procuradoria-Geral da República acabou por arquivar o processo, mas Jorge Sampaio recomendou a Guterres que o expulsasse do governo.

Operação Face Oculta
Em novembro de 2009, Armando Vara foi suspenso da Vice-presidência do Millennium BCP, por ter sido constituído arguido no processo Face Oculta. Este processo está a ser investigado pela Polícia Judiciária de Aveiro e pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), da Comarca do Baixo Vouga. Em investigação estão crimes de lavagem de dinheiro, corrupção política e evasão fiscal, que envolvem o grupo económico de Manuel Godinho.
Segundo as investigações, Godinho contactou Armando Vara para que este exercesse influência junto da REFER para que a sua administração fosse afastada. O pedido de influência alargou-se a empresas do setor público e concessionários, sempre com a intenção de favorecer as suas empresas. O valor dos favores prestados teve um custo de 10 mil euros. Montante que, segundo o Ministério Público, o ex-ministro do PS recebeu no balcão do BCP, a 25 de Maio de 2009.
Durante dois dias, foi submetido a interrogatório no DIAP de Aveiro, ficando proibido de contactar com outros arguidos, nomeadamente Maribel Rodrigues, Namércio Cunha, Manuel Godinho e João Godinho, sendo-lhe, ainda, aplicada uma caução no valor de 25 mil euros.
Entretanto, em 2010, passou a ser o responsável pelas atividades da empresa brasileira Camargo Corrêa, em Moçambique e Angola, ao assinar contrato pela presidência do Conselho e Administração.
Ainda no ano de 2010, volta a falar-se da investigação do Face Oculta devido a novas denúncias e depoimentos dos acusados, que passaram a envolver o anterior governo de José Sócrates. No entanto, as páginas que continham os registos das chamadas que envolviam José Sócrates pura e simplesmente desapareceram. Nas páginas dos autos, apenas se podem ver os buracos deixados pelos recortes.
Em fevereiro deste ano, o antigo administrador do BCP, juntou-se mais 35 arguidos envolvidos no processo Face Oculta, sendo acusado de três crimes de tráfico de influência.
O mega processo Face Oculta começou a ser julgado no passado dia 8, no Tribunal de Aveiro, e as sessões têm sido marcadas pelas polémicas à volta das escutas telefónicas, usadas como provas dos crimes.


 
 
MileneFernandes
 
 
 
 
 
 

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